Entrevista ao Sr. Eng. João Morais e Irís Ramos
Existe uma necessidade de se conhecer a pessoa fora da sua forma presente, a sua origem, o seu percurso até estabelecer as primeiras bases de um objetivo longo.
No dia 08/05 houve a oportunidade de conhecer o chefe de máquinas do navio Corvo, atracado pelas 0830 no respetivo dia. Para a tripulação os dias passam numa forma monótona, na travessia entre ilhas do arquipélago açoriano e o continente, com objetivo de transportar os mais variados produtos e bens pessoais, sendo o Corvo um navio de carga geral. A empresa atual é a Mutualista Açoreana de Transportes Marítimos.
Já na mesma empresa, Irís Ramos começou a sua carreira como cadete, passando para a empresa Mystic Cruises passados quatro anos. Neste momento trabalha no navio World Explorer. Por chamada online a Primeira Oficial Iris Ramos foi recebida por todos os presentes na Sala de Professores, contando com o Presidente Victor Franco, o Professor Luís Baptista e o próximo Chefe de Máquinas a ser entrevistado Filipe Correia. A Irís Ramos descreve-se como uma mulher de garra, fazendo as mesmas tarefas que qualquer outro oficial faz ou melhor, destacando-se no seu percurso académico, recebendo elogios durante a entrevista pelo seu colega João e outros professores intervenientes. Sem dúvida a Irís e o João são a cereja no topo do bolo no que toca em ter ambição, pois com um compromisso demorado e resiliente mostraram a si mesmos os que vale a pena de lutar em ser melhor, interessado e determinado no seu trabalho, colocando se sempre à prova.
Percurso da universidade à vida marítimo:
Iris:
Antes da Escola Náutica a Iris foi cadete na Escola Naval. Estava muito longe em pensar que ia entrar na Escola Náutica Infante D.Henrique. Mas por motivos pessoais, teve de deixar o mundo militar. Ingressou na Escola Náutica, no curso de Engenharia de Máquinas Marítimas, seguindo o gosto da engenharia. Já com boas bases, fez o seu percurso com excelência e disciplina, depois do curso ter concluído, ingressou na empresa Mystic Cruises, onde anda a descobrir os quatro cantos do mundo, desde o Ártico à Austrália e outros lugares excêntricos.
João Morais:
Também com um começo de licenciatura incerto, candidatou-se ao curso de Pilotagem e de
Engenharia de Máquinas Marítimas. Como o futuro previa, escolheu engenharia, ficando
fascinado logo no primeiro ano. O João é um ótimo exemplo de, apesar não ter a certeza da sua escolha, não teve medo de mudar o seu rumo. No seu percurso de aluno fez também um excelente currículo, colocando-o com mais oportunidades. O próprio salienta que este deve ser o foco, pois neste futuro incerto, quem vence é quem mais resultados apresenta no seu historial.
Será que o Chefe João Morais já navegou com mais que um Corvo?
Após a segunda guerra mundial, o Grupo Bensaude apropriou-se da empresa Mutualista Açoreana para a sua continuação e renovação. Após esta peripécia, a frota foi renovada com a aquisição do cargueiro a motor "Corvo", cedido pela Empresa Insulana de Navegação. Depois do primeiro Corvo, a empresa tem sempre na sua frota atual um navio batizado de Corvo Assim fica a questão de quantos corvos que os Corvos tiveram, ou seja, quantos navios existem na frota com o nome Corvo após os outros Corvos terem terminado o seu período "no ativo".
Perguntas:
- Ensino:
1) Descrevam um pouco do que adquiriram de conhecimento para a vida de um marítimo,
sentiam-se preparados como na teoria e prática?
Tal como a Iris tal como o João, sentiram que não tiveram muita interação com os vários
componentes de maquinaria que existem na casa de máquinas. Apenas depois de acabar o curso, na experiência de praticante tiveram o tempo para descobrir o que existe na casa das máquinas.
2) Qual a melhor forma de começar o ano de praticante, experimentar vários tipos de navio ou acostumar ao funcionamento de apenas uma casa de máquinas?
Primeiro de tudo, todas as disciplinas que existem no curso de engenharia de máquinas marítimas devem ser acolhidas com todo o interesse, interiorizar todos os pormenores e refletir no que se pode usufruir do novo conhecimento no trabalho ou até mesmo, no nosso dia a dia. As diferenças das notas finais podem sim refletir no arranque na vida de um marítimo. As tarefas de praticante tornam se muito mais fáceis quando a base durante os três anos de estudo é bem consolidada. Assim a resposta de amos o entrevistado é de não ser rígido na escolha do primeiro navio a embarcar, mas sim ser rígido em conhecer o funcionamento de uma casa de máquinas. Depois de estar familiarizado com o grupo propulsor, grupo de climatização (HVAC), grupo de filtração de águas ou geradores de energia por exemplo. Todos estes grupos são muito semelhantes em diferentes tipos de navio.
- Oportunidades na Carreia:
2) Porquê que o João optou por uma empresa pequena?
A vida no mar por vezes pode ser muito dura, existem meses sem ver terra, mesmo que o navio atraque, não há possibilidade de sair do ambiente de trabalho, havendo sempre operações a efetuar nos processos de carregamento ou de abastecimento de combustível por exemplo. O João teve em consideração a sua família, escolhendo um navio que não navegue muito fora da costa. A travessia entre ilhas demora cerca de dois a três dias, o que é muito menor comparando com as travessias intercontinentais, podendo levar semanas.
3) Conseguiram ou procuram fazer formações adicionais?
Pelo que deu a entender, com os sistemas sempre em atualização, existe uma obrigatoriedade na formação constante do oficial de máquinas. Deve estar sempre preparado e conhecer muito bem o funcionamento da maquinaria.